Beer Game e o Efeito Chicote
- Antonio Sampaio
- 16 de out. de 2016
- 4 min de leitura


Com o passar do tempo, as atividades que envolvem simulação se tornaram mais comuns e importantes às companhias porque é possível trabalhar as variáveis de uma decisão e diminuir a probabilidade de insucesso nos possíveis resultados. Outras atividades importantes são aquelas que treinam as habilidades das pessoas a partir da formação de grupos, dessa forma além de ampliar o conhecimento, também melhora a relação entre os participantes. Nesse sentido, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (da nomenclatura em inglês Massachusetts Institute of Technology - MIT), na década de 1960, desenvolveu o Beer Distribution Game que objetiva simular um cenário para controlar a cadeia de suprimentos e satisfazer os agentes nos processos. Os participantes do Beer Game aprendem técnicas importantes sobre operações e sistemas compostos de diferentes entidades com comunicações limitadas entre elas (JACKSON; TAYLOR; 1998). Esse jogo de simulação é ministrado para diversas turmas, desde estudantes de graduação até executivos. Muitas empresas adotam o Beer Game por consistir em um jogo de simulação que lida de maneira dinâmica as técnicas de planejamento da produção e distribuição, sendo dividido em quatro níveis, os quais são: Fábrica; Distribuidor; Atacadista; e Varejista. O Beer Game apresenta semanas como unidade de tempo, e cada agente na cadeia desempenha suas funções, como:
- Fábrica: confecciona as cervejas e entrega ao Distribuidor;
- Distribuidor: intermédia os produtos entre a Fábrica e o Atacadista sob sua responsabilidade, ou alocados em sua região de atuação;
- Atacadista: recebe os produtos do Distribuidor e tem como missão entregar aos Varejistas em diversas regiões; e
- Varejista: recebe os pedidos do Atacadista na região que atende, por sua vez é o agente na cadeia que vende ao consumidor final.

A divisão de níveis possibilita que seus participantes trabalhem técnicas para atender as demandas do mercado consumidor de forma mais eficiente, tão rapidamente e barato quanto possível, sem sacrifício da qualidade. A atividade exercita as decisões empresariais que surgem quando ocorrem mudanças de uma variável, que afetam outras variáveis em sequência, e que acabam retroalimentando a variável original (IBMIN, 2013). Quando há ações que impactam em todo o processo da Cadeia de Suprimentos é considerado Efeito Chicote; esse é a variação ou a impossibilidade de alinhamento da demanda à oferta, em outras palavras, esse é o resultado de uma expectativa de demanda ou oferta que não se realiza (COELHO et al, 2012). Há diversos motivos para resultar em não atender a demanda, pois todos os negócios no mercado possuem variáveis controláveis e incontroláveis, essas são caracterizadas por ações que não são possíveis interferi-las e aquelas apresentam situações que são possíveis atuar para influenciar nos resultados. Geralmente, quando ocorre o Efeito Chicote há a flutuação do preço, pois se há muito estoque adota-se medidas para diminuí-lo (promoções, p. ex.) e se o estoque está baixo, seja por falta de abastecimento ou aumento na procura, também resulta ações voltadas ao preço do produto e/ou amplia o estoque de segurança. O problema da variação ou a impossibilidade de alinhamento da demanda à oferta é um grave problema para qualquer companhia, pois quando não se atende o cliente gera custos por falta, seja por atraso ou perda de venda; e, consequentemente, pode haver a perda do cliente. Logo, se as previsões não forem eficientes resultará em maior armazenagem e elevará os custos de estoque, necessitará maior número de pessoal para desempenhar as operações e, com outros fatores, aumentará o custo total. A comunicação nos processos na cadeia de suprimentos é uma entre as principais variáveis que resultam no efeito chicote, pois são necessárias informações concretas para explorar o mercado, manter parcerias satisfatórias, atender o cliente, melhorar os processos e manter qualidade nos produtos/serviços, identificar os lead times, planejar as ordens de produção, fazer pedidos, entre inúmeras outras ações. As variáveis que contribuem com o Efeito Chicote podem diversificar para cada mercado; tem-se como exemplo a sazonalidade, a qual apresenta maior impacto em algumas atividades como a venda de panetones nas festividades natalinas (p. ex.), ou seja, em determinada época do ano ocorre maior oferta desse tipo de produto, então é importante um planejamento satisfatório para equilibrar com a época da baixa oferta. Observa-se que o Beer Game trata de alguns tópicos relacionados ao Mix Marketing, influenciado sobre os canais de comercialização e dos consumidores finais a partir da análise do produto, praça, promoção e preço. Também, é essencial compreender conceitos relacionados à Logística/SCM e a missão dos agentes (divisões) do jogo: Fábrica, Distribuidor, Atacadista e Varejista. Esse jogo que envolve simulação segue a base do gerenciamento dos Canais de Distribuição na Cadeia de suprimentos, ou seja, examina os conjuntos de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível para uso ou consumo” (STERN et al, 1996, apud NEVES, 1999). Também, pode-se deduzir que se refere a uma única organização e suas divisões são internas (setores, p. ex.) e objetivam operações eficientes para atender os agentes da cadeia (elos) de maneira satisfatória. Considerações finais O Beer Game possibilita que as equipes interajam entre si e seus participantes aprendam a lidar com situações de oscilações no mercado, dessa forma, consequentemente, são obrigados a explorar as situações e tomar decisões para melhorar os processos. O participante aprende a lidar com ações que afetam toda cadeia de suprimentos, ou seja, observa como sua decisão pode influenciar em todas as etapas que o produto transita, ou seja, há uma visão completa do processo. Por fim, ao observar os processos de produção, armazenagem, transporte, entre outros fatores que envolvem no jogo, os elos na cadeia, o participante aprenderá a analisar e tomar melhores decisões.
Referências bibliográficas COELHO, L. C.; FOLLMANN, N; TABOADA, C. M. O Efeito Chicote e o seu Impacto na Gestão das Cadeias de Suprimentos. IV Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, AEDB. 2007. IBMIN, Instituto Brasileiro de Marketing e Inteligência de Negócios. Desenvolvido por Marcos Felipe Magalhães. Disponível em < http://www.ibmin.com.br/ibmin_06.htm>, acessado em 29.out.2013 JACKSON, G. C.; TAYLOR, J. C. Administering The MIT Beer Game: Lessons Learned . Developments in Business Simulation and Experiential Learning, Volume 25, 1998.
NEVES, M. F. Um modelo para planejamento de canais de distribuição no setor de alimentos. Tese de Doutoramento. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, USP, 297 p. 1999.
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